Chegando em Parati uma menina com o rosto pintado como palhaço correu até mim e disse:
- Este é um assalto poético!
E me deu esta poesia de Fernando Pessoa:
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração
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